quinta-feira, 24 de maio de 2012

Meteorito atinge lar soteropolitano?

"Vi algo semelhante a uma bola de fogo passando pela janela." Esse foi o relato da fonoaudióloga Jaqueline Matos, moradora do Bairro Engenho Velho de Brotas na capital baiana. "Logo em seguida, ouvi um barulho que parecia uma bomba", ressaltou ela, lembrando que as festas juninas se aproximam e é comum o uso de "bombas" de São João pelas crianças.
O evento ocorreu há, aproximadamente, 3 semanas. Ela ainda informou que olhou pela janela e, como não havia ninguém, não deu muita importância àquele fato inusitado. O suposto meteorito destruiu as telhas e parte da laje, o que causou muita infiltração, só então o mesmo foi encontrado.
Foto: Bombas usadas no São João

Foto: Objeto registrado com a câmero do celular
Foi na noite de ontem, 22 de maio, que Jaqueline me procurou, através de uma rede social, para me contar o ocorrido. Naquele momento fiquei muito empolgado com a situação e imaginando como isso realmente aconteceu. No primeiro instante estava convicto de que realmente poderia ser um meteorito. 
Como estou embarcado, a aproximadamente 300km da cidade do Rio de Janeiro, não tive como verificar pessoalmente tal rocha. Solicitei algumas fotos porém, até aquele momento, apenas o celular havia registrado esse objeto. Com uma imagem não muito nítida, chamei minha companheira de trabalho, a geóloga Glaucia Sakai, e começamos uma "investigação à distância". 
Assim que chegaram novas fotos do suposto meteorito, percebemos que a forma, um tanto quanto simétrica demais, próxima a um cilindro, trouxe-nos certa descrença a respeito da origem "extra-terrestre" deste artefato. Mais fotos foram enviadas e mais dúvidas surgiram, já que o objeto era realmente meio cilíndrico.
Mandei alguns e-mails para professores da Universidade Federal da Bahia perguntando se alguém tinha interesse em estudar esse material, mas enquanto nenhuma resposta era enviada, continuamos a pesquisa "IAD".
Foto: Suposto meteorito.
Pedimos para Jaqueline, então proprietária do objeto, fazer alguns testes. Segundo ela, a rocha pode ser descrita por não ser atraída por ímã, ter uma crosta escura - cor semelhante ao carvão - e borbulhar ao colocar em contato com água oxigenada. Dentre todos os testes requisitados, ela só não soube dizer se era mais pesada que as outras rochas ("nunca carreguei pedra", declarou a jovem). 

Munidos dessas informações preliminares, e não acreditando se tratar de um meteorito, restou-nos somente uma pergunta: O que realmente é tal objeto? 

Algumas horas depois de enviado, o professor Jerônimo do Instituto de Geociências respondeu ao meu e-mail e se propôs a estudar esse elemento voador.
Sabe-se que no Brasil, temos cerca de 60 meteoritos reconhecidos pela ciência, porém estima-se que mais de 100 encontram-se preservados por particulares(1). Encontrar um desses "tesouros" tem valor tanto para ciência como para colecionadores e, tendo a sorte de se deparar com um desses, poderá ser ainda mais valioso a depender de quão raro ele seja. No Brasil, o meteorrito encontrado em Angra dos Reis (denominado angritos) é um dos mais raros e valiosos do mundo.


Foto: Rocha com escala


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